terça-feira, dezembro 09, 2003

Nove anos sem Tom Jobim. Engraçado como eu me sinto órfã, sem o maestro maior. E me lembro de há nove anos chorar muito a ponto de quase perder a formatura do 2º grau da minha irmã. E eu, egoísta, pensava que ele tinha ficado me devendo uma. Como ele poderia morrer sem me dar ao luxo de conhecê-lo, de vê-lo cantar, ou pelo menos sentar para um papinho na Cobal?

E por causa de Tom eu vivia dizendo que nasci na década errada. Tinha que ter sido umas três antes, porque eu o queria ter conhecido desde sempre. Porque era de Bossa Nova que eu gostava.

Gosto de todas, mas hoje escolhi um trecho de Águas de março.

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol
É peroba do campo, é o nó da madeira
Caingá, candeia, é o Matita Pereira

É madeira de vento, tombo da ribanceira
É o mistério profundo, é o queira ou não queira
É o vento ventando, é o fim da ladeira
É a viga, é o vão, festa da cumeeira
É a chuva chovendo, é conversa ribeira
Das águas de março, é o fim da canseira
É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
Passarinho na mão, pedra de atiradeira (...)

(...) São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração

Antônio Carlos Jobim - 1972

Obrigada Tom.

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