sábado, maio 31, 2003

Desamor.
É pedir licença pra entrar na prória casa, é ganhar crachá de visitante pra entrar na própria empresa, é não poder tirar os sapatos e nem nem repetir o pudim. É ter que terminar o prato de arroz, ainda que não tenha mais fome, é beber água sem gelo ainda que esteja calor, porque é o que tem e de outra maneira morreríamos de sede. Ou então é morrer de sede mesmo assim.
É um buraco que se abre fundo diante de seus pés, é uma noite que não acorda nunca, mas que também não adormece. É uma tentativa de acertar que sabe-se errada, uma hora desesperada que sabe-se imprópria, uma guerra que sabe-se perdida.
É um tempo que não passa enquanto esperamos um ônibus que não vem. É uma estaca nos nossos pés, que não nos deixa mover, atravessar a rua, pegar um metrô, ou caminhar. É esperar o ônibus, como se ele viesse, achando que aquele ali vermelho e branco pode ser, sabendo-se que não será. É uma esperança teimosa, cega e surda essa coisa de amor. Queria eu, que ela fosse também muda, Mas não é. Porque grita.

Texto perfeito da Ana

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