terça-feira, outubro 08, 2002

Procura-se um amigo...

"Não importa o sexo, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa gostar dos pássaros, do sol, da lua, do vento e das suas canções, saber falar e saber calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesias, canções, do nascer e do por do sol. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir a falta que faz não ter esse amor. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem sacrificar.
Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda, pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja de todo impuro, deve ter um ideal e não se esconder com medo de perdê-lo, e no caso de assim não ser, deve sentir o grande vazio que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoas tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.
Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, ou mesmo para ser diferente, que se comova quando chamado de amigo, que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas, recordações da infância. Precisa-se de um amigo para não enlouquecer, para contar o que se viu de triste e de belo durante o dia, dos anseios, das realizações, da realidade e dos sonhos. Deve gostar de ruas desertas, de caminhar sem preocupações, de poças de água e de caminho molhados, das plantas verdejantes depois da chuva, de se deitar na relva e apreciar as nuvens em sua coreografia, da mágica melodia dos violinos, de fazer um boa ação só pelo prazer de tê-la praticado. Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo.
Precisa-se de um amigo para se parar de chorar, para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas, que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive."

(autor desconhecido)


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