quarta-feira, junho 19, 2002



Que saudades, Osny!

Ontem foi um dia triste para nós, que ficamos sem a tua presença física entre nós. Mas com certeza, os que te esperavam em tua passagem estavam felizes em te receber, em poder desfrutar de tua companhia tão querida.

Estou aqui tentando me lembrar de quando o conheci... a primeira vez que o vi foi no Conselho Nacional Escoteiro aqui, em Goiânia. Eu tinha 14 anos e era guia. Mas não chegamos a nos falar. Lembro que Rodrigo e André também estavam por aqui, mas eu não sabia que eram teus filhos, tão queridos, assim como o Gustavo.
Em 1990, eu fui a uma reunião da extinta CNOC, no Guarujá, como representante juvenil e pude conhecer um pouco melhor a tua personalidade quando apoiou os jovens que ali estavam. Um dirigente havia dito que nossa presença na reunião não tinha representação, era apenas algo para dar satisfação e você nos chamou em um cantinho para dizer que não podíamos ficar calados perante o que havíamos escutado. Através de tua força, tua ajuda, teu comentário escrevemos (os 6 representantes juvenis da reunião) um texto de protesto e indignação que foi lido e anexado à ata daquela CNOC. Desde então eu soube que você se interessava realmente por aquilo que os jovens tinham a dizer, que você se preocupava com os jovens. Neste mesmo ano, Osny, fui de intrometida a uma reunião da CENA - em Brasília - com meu pai (que era Escoteiro Chefe Adjunto) e quando me se sentei a mesa ouvi o Guido Mondim perguntando quem era aquela jovem. Você prontamente respondeu: "é a minha nova namorada" e eu quase morri de vergonha.
No ano seguinte aconteceu um Mutirão Nacional Pioneiro aqui e eu estava na equipe de apoio. Você me tratava com muito carinho. Me apresentou teus filhos, André e Gustavo. Sempre brincando comigo na hora de se servir para ganhar mais um pedacinho de doce e um copo de suco. E eu era ainda a sua "namorada".
Depois, por alegria do destino, o Rodrigo veio estudar veterinária na UFG. Nossas famílias, que já tinha ligação escoteira e de admiração mútua, passaram a ter um tipo de vínculo familiar que só nós sabemos. Foram cinco anos onde esta admiração só cresceu e se transformou em um amor puro e desinteressado. Eu, meu pai, minha mãe, minha irmã, você, Eliane, Rodrigo, André, Gustavo...
Durante este tempo nos vimos várias vezes. Visitas familiares, atividades escoteiras... e quando o Rodrigo se formou e voltou para Brasília, nada se perdeu. Continuamos todos amigos muito queridos. Continuamos a nos encontrar através do escotismo. Escotismo pelo qual você se dedicou de corpo e alma. Escotismo do qual você entendia como poucos. Você foi um excelente chefe, um extraordinário profissional e mesmo doente continuou se dedicando a este movimento. Sem se esquecer de sua família e amigos.
Me lembro de você, lá em Fortaleza, no Congresso Nacional Escoteiro, sentado em uma cadeira de rodas. Foi ali que tua luta começou: tua luta pela vida. Também não me esqueço de quando te vi pela primeira vez sem bigode... foi em um seminário que viestes aplicar aqui de Programa de Jovens... tu só me disse rindo: "e olha que você já tá me vendo de sobrancelha, porque tinha caído também"... efeitos da tua luta, Osny.
Tu lutou o quanto pode para estar aqui, ao lado de tua esposa, filhos e netos, dos quais você tinha tanto orgulho. Falava de boca cheia: "meus netos", nos contava suas peripércias. Inclusive há alguns meses atrás, quando fomos em tua casa te ver. Você, abatido pelo tratamento, mas com um sorriso nos lábios falando de netos, filhos e contando tuas histórias. No mês passado estive em Brasília e falei contigo ao telefone. Você estava no hospital fazendo tratamento, mas atendeu ao telefone com aquela mesma voz sonora, forte e que transmitia, apesar de tudo, otimismo.
Me lembrei agora de tu contanto como entrou no escotismo. Afinal foi o meio que Deus também te colocou na vida da minha família. "Foi tudo culpa do Rodrigo", você disse no Congresso Regional Escoteiro aqui, ano passado. Rodrigo viu os escoteiros, chegou em casa disse que ia ser escoteiro e tu foi lá, ver onde o teu filho estava se mentendo. E, de pai sentando no banco perto da sede, passou a esta pessoa respeitada e querida por muitos. Obrigada Rodrigo.

Como não sentir saudades?

Você não nos deixou Osny. Você apenas terminou de cumprir tua missão na terra. Para nós, que somos tão pequenos perante o "Cara lá de cima" é difícil entender que ela terminou. Mas Ele sabe o que faz. E o que sabemos é que iremos, um dia, nos encontrar. Ontem não fomos nos despedir. Fomos dizer "até breve, amigo".
Agradeço a Deus por tê-lo colocado entre nós. Agradeço a oportunidade de ter sido "sua namorada". Agradeço o carinho que dedicou a minha família. Obrigada Osny.

1 Comentários:

Roberto disse...

Meu bom amigo Osny... E lá se vão 9 anos se a presença dele. Fizemos juntos o CA-1, em Belo Horizonte, e desde então fomos amigos, militando no Escotismo, até que deixei, em 1999, o Movimento, para cuidar da carreira. Soube de seu falecimento em 2002 e fiquei profundamente triste por não ter sido avisado a tempo de render minhas últimas homenagens. Foi muito bom encontrá-lo novamente através das tuas palavras, Ilvia. Obrigado, mesmo 9 anos depois.
Um grande abraço.
Roberto Santos